Uma Familia Normal


Carlos estava sentado no sofá da sala assistindo ao jogo de futebol. Seu time do coração estava jogando. De repente, a porta da casa se abre e um rapaz alto e robusto entra.
            - Oi papi! Véio, eu arrumei um bofe que é um escândalo e...
            - Por favor, Danilo, fecha esse armário.
            - Ai pai, eu fico possessa quando o senhor faz isso. Se não quer me ouvir, então tchau. – disse Danilo jogando beijinhos para o pai.
Carlos voltou a assistir ao jogo. Seu time estava ganhando e o rapaz vibrava com cada lance. Novamente a porta da casa foi aberta e uma menina de longos cabelos negros, com mechas vermelhas, azuis e roxas entrou. Estava trajando uma roupa muito justa de cor vermelha e preta e possuía varias tatuagens no corpo. Seus olhos bem marcados com lápis de olho e usava lente incrivelmente vermelha. Carlos sentiu como se a luz do local diminuísse, e ouvir um barulho de órgão tocando uma música de terror.
            - Oi pai! Disse a menina olhando fixamente para o pai.
            - Ah, oi Roxette! Quer assistir ao jogo?
            - Eu odeio jogo! Calamdra não gosta desse tipo de esporte, pois ela se enche de gula. – respondeu sinistramente.
            - Quem é Calamdra? – perguntou o pai tomando um gole de cerveja.
            - A deusa dos sacrifícios humanos. – ouviu-se um trovão. – vou pro meu quarto.
            - Vá filhinha! Cruz, essa menina me dá arrepios.
            O jogo terminou. O time de Carlos ganhou de três a zero para o adversário. O rapaz já ia sair para o bar para encontrar os amigos, iriam festejar a vitória. Ao se aproximar da porta, alguém a abriu com grande força e atingiu Carlos no nariz e o rapaz caiu. Um grito de uma multidão de meninas foi ouvido quando um rapaz alto, robusto e de barba recém aparada entrou.
            - Calma meninas. Até mais tarde. – fechou a porta. – Ai, como é difícil ser gostoso.
            - Caramba Renato, bate na porta da próxima vez antes de abrir com tudo. – disse Carlos segurando o nariz ensangüentado.
            - Desculpa pai! Vou ajudar o senhor a levantar. Pronto.
            - Sai da frente Rê, to possessa com o papai e para me acalmar vou comprar mais um sapato, uma lingerie e um vestido. Tenho um encontro hoje, e tenho que estar poderosa. – disse Danilo abrindo a porta. Foi puxado pela multidão de garotas que estavam gritando o nome do irmão. – Me larga bando de barangas. Essas biscates oferecidas. Me solta que eu sou alérgico.  Sai da frente. – disse o rapaz enquanto abria passagem pelas meninas.
            Carlos e Renato foram até a cozinha pegar um pouco de gelo para o nariz quebrado. E ao voltarem, foram assistir TV na qual estava passando um filme de terror. Uma garota com uma poção de livros nos braços entrou ofegante e teve dificuldade para fechar a porta por causa da multidão de meninas.
            - Renato, da próxima vez, joga um pedaço de carniça lá fora pra alimentar aquele bando de urubus. – disse a garota caminhando ao encontro dos dois.
            - Foi mal Ana! É que é difícil ser gostoso. E olha que eu nem sou famoso.
            - Você não é famoso e já pegou a maioria das meninas dessa cidade, imagine se fosse, iria pegar as mulheres de todos os lugares do mundo. – disse a menina ajeitando os livros no braço.
            - “Mate-os por retaliação”, amo esse filme, principalmente quando a velha coloca os olhos do garoto na sopa. - Todos tomaram um susto. Roxette surgiu atrás deles sem que percebessem.
            - Vai dar susto em outro sua louca! E você estar me assustando com esses papos sinistros, vai orar, vai. – disse Renato com a mão no peito.
            - E vou mesmo. Linda estar esperando minha penitencia. – Roxette caminhou para a cozinha.
            - Eu em! Bem, vou pegar um terço e vou para a cozinha. Quero terminar de ler os 34 livros que eu peguei ainda hoje. – disse Ana caminhando em direção a cozinha.
            - Pelo menos uma pessoa normal na minha família.
            - Papai socorro! A Roxette quer me matar. Acho melhor eu me esconder. – disse Ana entrando correndo na sala. Pegou um vaso de flores e lhe ocultou a face.
            - Retiro o que eu disse! – disse Carlos.
            - Não corra Ana! Linda, a deusa da perdição, para agradá-la, precisa do sacrifício de uma mula ou de um veado. – disse Roxette com uma faca na mão.
            - O quê que tenho eu? Olha o bullying! – Danilo acabara de entrar com um monte de sacolas.
            - Socorro Dan, a Rox quer me matar. – Ana correu até o irmão.
            - Rox, fique a vontade. Se você morrer, vou ficar com todos os seus vestidos, maquiagem...
            - Dan, fecha esse armário. – disse Renato.
            - Fechei. – respondeu Danilo com voz grossa e estufando o peito.
            - You know that I'm a crazy bitch I do what I want when I feel like it all I wanna do is lose control – entrou cantando uma jovem. Ao olhar para os presentes parou. – Oi família. Cheguei.

- Ah, oi Britney. Finalmente chegou. Cadê a Laquanda?
           
- Ficou piriguetando lá no shopping. – disse a menina caminhando em direção a cozinha e desviando do caminho entrando no quarto.

            - Cadê o Danilo? Preciso falar com o Danilo? – entrou uma menina correndo em casa. Estava bem vestida, exceto pelo cabelo que estava meio desgrenhado.
           
            - Estou aqui! O que foi? – perguntou Danilo enquanto comia uma banana bem devagar.

            - Dan, eu peguei o bofe! – disse Laquanda. Os dois deram pulinhos de alegria.
           
            - É, acho que eu sou a única pessoa normal nessa casa. – disse Carlos enquanto assistia TV. – olha, concurso de quem come mais pizza, crianças, não me esperem. – disse o rapaz saindo correndo de casa.

            - Vem Dan, vamos nos arrumar. – disse Laquanda puxando o irmão pelo braço. – To bem na sua cola, sister. – disse o rapaz.

            Renato continuou assistindo TV. O filme estava tão interessante que mal conseguia piscar. Depois de um tempo, Ana caminhou em direção a cozinha e olhando para todos os lados para garanti que Roxette não ia aparecer.
           
            - BUUUUU – disse Roxette surgindo de repente na frente Ana com uma faca na mão. – agora você não tem pra onde correr.

            - Quer parar de fazer barulho bando de infeliz! To tentando assistir o filme. – gritou Renato.

            - Rê, você não tinha um encontro hoje? – perguntou Ana ofegante.

            O rapaz se levantou rapidamente e saiu correndo para o lado oposto ao da cozinha. Não demorou muito e o rapaz já estava pronto. Trajava roupas sociais e estava bem perfumado. Saiu rapidamente e foi puxado pela multidão de garotas do lado de fora. Enquanto isso, Roxette pegou Ana pelo cabelo e a saiu puxando pela sala até o seu quarto.
            O lugar era escuro e a única fonte de luz era umas pequenas velas. Bem no meio do chão, havia desenhado um pentagrama e vários símbolos mágicos estavam rabiscados pelo lugar. Roxette pegou Ana e a colocou em uma cama e amarrou os pulsos e tornozelos e pôs uma fita na boca. Ana se contorcia tentando se libertar. Roxette ergueu a faca e quando ia golpear a irmã, o telefone tocou.

            - Quem ousa interromper o sacrifício à Linda? – disse a garota jogando a faca e saindo do quarto. Foi ate a sala e pegou o telefone. – Late!

            - Me respeita sua égua! – disse a voz do outro lado do telefone. – ah, oi mãe! Tudo bem por ai? – perguntou Rox.
            - To bem, só liguei pra avisar que eu to chegando hoje. Espero que o morto de fome do teu pai venha me buscar.
            - Ta, eu aviso. Tchau. – desligou.
           
            Roxette foi para o quarto bufando e soltou Ana. Ao voltarem para sala, viram Laquanda e Danilo vestidos igualmente, com um vestido vermelho longo, sapato alto preto e uma peruca loira.

            - Quem era Rox? – perguntou Danilo ajeitando a peruca.
            - Era a mamãe! – respondeu a garota.
            - NAAAAOOOOO! Se a mamãe chegar agora vou ter que fechar o armário.
            - Calma Dan, vamos para o nosso encontro hoje, porque a noite é nossa e depois resolvemos essa parada. Vamos porque estamos arrasando meu amor. – disse Laquanda puxando o irmão e saiu de casa.

___________________________________________________________________________________

            A porta da casa foi aberta. Uma moça com idade entre 35 e 40 anos entrou carregando varias malas vermelhas. Logo atrás Roxette, Carlos, Renato e Ana entraram também carregando varias malas.
           
            - Pra que esse monte de mala mulher? – perguntou Carlos ofegante enquanto colocava as malas no chão.

            - Por que uma é para as saias, outra para vestido, outra para peças intimas; produtos de higiene; vestidos; blusas; sapatos; maquiagem e por ai vai. – respondeu a moça.

            - Você deveria ter avisado três meses antes de vim para cá, Stella. Assim dava pra demoli metade da casa e criar um closet para por suas tralhas. – disse Carlos aborrecido.

            - Serio? Por que você não disse antes, assim dava pra trazer toda a minha bagagem. – disse Stella. Todos caíram no chão.
 _____________________________________________________________________________________________________________

Todos estavam sentados na sala assistindo TV. Stella estava com um confortável pijama de seda azul-escuro. Sua cabeça estava apoiada nas penas de Carlos enquanto Ana fazia massagem em seus pés. Renato estava com o controle remoto e aumentou o volume da TV. Estavam assistindo a um filme onde um dos personagens podia prever a sua morte e a dos companheiros antes de acontecer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário